A juíza Joanice Oliveira Gonçalves acolheu o pedido do Ministério Público e decretou a prisão de dois agentes policiais Valdeir Zeliz dos Santos e Fábio Domingos; e do delegado Marcos Sampaio Alves Ferreira, todos lotados no município de Jaciara, no sul de Mato Grosso. Os policiais – tratados como “Zero Um” e “Zero Dois” – foram denunciados pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado pela prática de crime de tortura e o delegado por usurpação da atividade policial. O delegado também corre risco de ser preso caso não entregue suas credenciais e armas em 48 horas.
De acordo com a denuncia, tudo começou com a fuga de Osmar da Silva Alves, o “Mazinho”, da Cadeia Pública de Jaciara. “Mazinho” foi encontrado em um matagal, nas proximidades do Rio São Lourenço. Ele teria desobedecido a ordem de prisão e, com isso, os agentes policiais teriam feito disparos contra ele. “Mazinho” pulou no rio e acabou morrendo afogado.
A suspeita é de que "Mazinho" teria sido jogado no rio para morrer, já que ele não sabia nadar. O delegado Marcos Ferreira Sampaio disse na época que foi necessário que os policiais atirassem na mão e na perna do suspeito para que não resistisse à prisão. Contudo, mesmo baleado adentrou no matagal, viu o cerco e se atirou no rio São Lourenço.
O Gaeco descobriu, no entanto, que o delegado estaria se utilizando de pessoas estranhas aos quadros da Policia Civil para empreender diligências e praticar delitos de usurpação de função pública, tortura, abuso de autoridade, lesões corporais grave, tentativa de homicídio e homicídio qualificado.
Em outubro de 2010, de acordo com denuncia do MPE, os pais de um preso procuraram a Promotoria de Justiça e disseram ter sofrido agressões e diversas sevícias por parte dos policiais. As agressões teriam partido dos policiais Valdeir Zeliz dos Santos e Fábio Domingos.
Outro preso confirmou as práticas ilegais dos policiais e narrou que o delegado Alves Ferreira, acompanhado dos investigadores Márcio Moreira dos Santos e Joana Dark da Silva Reis, juntamente com Zeliz e Fábio Domingos, o agrediram com tapas e pauladas, levando-o à beira do rio. Lá, teria sido colocado de joelhos com um saco na cabeça. Os policiais estariam tentando obter informações sobre motocicletas roubadas. Na ocasião os dois agentes teriam dito que “Mazinho” teria aguentado a tortura.
Este ano, em fevereiro, mais uma denuncia contra o delegado e os policiais, que teriam presenciado uma sessão de tortura.
As denuncias contra o delegado e agentes não cessaram. A Ordem dos Advogados do Brasil, através da Comissão de Direitos Humanos, também apresentou queixa contra o tratamento dado a um detido. Nesse caso, a tortura foi usada para tentar descobrir o esquema do tráfico de drogas na cidade. O denunciante, segundo a OAB, contou que uma arma chegou a ser colocada sem sua cabeça e que teria sido ameaçado de morte se não colaborasse com a Polícia. Ele sofreu rompimento do baço devido as agressões e, posteriormente, foi levado para o Hospital Regional.
Outra vítima denunciou que o delegado chegou a dar tiros de escopeta para o alto e também usou máquina de choques na sessão de tortura. Ele disse ao Ministério Público que seu primo teria sido preso por desacato.
Fora as torturas, havia uma espécie de autoridade acima da lei em Jaciara. O Ministério Público relata na denuncia acatada pela Justiça que o delegado teria elaborado e determinado a entrega de veículo apreendido, com carga de madeira irregular, transportadas com guias falsas.
A prática de abuso foi confirmada em inquérito por funcionários da Delegacia de Policia local. O delegado Sampaio é acusado de ter ainda ameaçado seu colega Fernando Vasco Spinelli Pigozzi, que se encontra respondendo pela Delegacia e que estaria apurando as irregularidades funcionais detectadas no tocante a apreensão de veiculos http://www.cenariomt.com.br/
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